Bem-vindo(a) ao Portal Escrivão Caminha! Explore os nossos blogs , vote em nossos textos e escreva para nós.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Os manuscritos do Novo Testamento

por Walter Dos Santos*

Se a minuciosa transmissão e cópia dos manuscritos pelos judeus testemunham em favor do Antigo Testamento, como vimos antes, a abundância de manuscritos preservados são o maior trunfo do Novo Testamento. Os cristãos não foram tão cuidadosos quanto os judeus ao recopiarem os manuscritos das Escrituras, mas a quantidade de manuscritos faz do Novo Testamento o documento antigo mais bem preservado da civilização ocidental.



Manuscritos abundantes e recentes

F. E. Peters (IN: The Harvest of Hellenism. Nova Iorque: Simon and Schuster, 1971) ressalta que “baseando-se apenas na tradição dos manuscritos, as obras que formam o Novo Testamento dos cristãos foram os livros antigos mais frequentemente copiados e mais amplamente divulgados.” Atualmente sabe-se da existência de mais de 5.300 manuscritos gregos do Novo Testamento. Acrescentem-se a esse número mais de 10.000 manuscritos da Vulgata Latina e, pelo menos, 9.300 de outras antigas versões, e teremos hoje mais de 24.000 cópias de porções do Novo Testamento. Nenhum outro documento da história antiga chega perto desses números e dessa confirmação. Em comparação, a Ilíada de Homero vem em segundo lugar, com apenas 643 manuscritos que sobreviveram até hoje. Voltaremos ao contraste entre o Novo Testamento e as obras de Homero mais à frente nesta postagem.

Sir Frederic G. Kenyon, que foi diretor e bibliotecário-chefe do Museu Britânico, reconhecido como uma das maiores autoridades em manuscritos, diz (IN: Our Bible and the Ancient Manuscripts. Nova Iorque: Harper & Brothers, 1941): “Além da quantidade, os manuscritos do Novo Testamento diferem das obras dos autores clássicos em outro aspecto, e mais uma vez a diferença é bem clara. Em nenhum outro caso o intervalo entre a composição do livro e a data dos mais antigos manuscritos existentes é tão curto quanto no do Novo Testamento. Os livros do Novo Testamento foram escritos na última parte do século primeiro; com exceção de fragmentos muitos pequenos, os manuscritos mais antigos existentes são do quarto século - cerca de 250 a 300 anos depois.

“Isso pode parecer um intervalo considerável, mas não é nada em comparação com o tempo transcorrido entre os grandes escritores clássicos e seus mais antigos manuscritos. Cremos que, em todos os pontos essenciais, temos um texto bastante fiel das sete peças remanescentes de Sófocles; no entanto, o manuscrito mais antigo e substancioso de Sófocles foi copiado mais de 1.400 anos depois de sua morte.”

O mesmo Kenyon Kenyon afirma em outro trecho de suas obras (IN: The Bibie and Archaeology. Nova Iorque: Harper & Brothers, 1940): “O intervalo entre as datas da composição do original e os mais antigos manuscritos existentes do Novo Testamento se torna tão pequeno a ponto de, na prática, ser insignificante. Assim, já nao há base para qualquer dúvida de que as Escrituras tenham chegado até nós tal como foram escritas. Pode-se considerar que finalmente estão comprovadas tanto a autenticidade como a integridade geral dos livros do Novo Testamento.”

Segundo J. Harold Greenlee (IN: Introduction to New Testament Textual Criticism. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1964), abordando o hiato de tempo entre o manuscrito original (o autógrafo) e o manuscrito existente (a velha cópia remanescente), "os mais antigos e conhecidos manuscritos da maioria dos autores gregos clássicos foram escritos pelo menos mil anos depois da morte do seu autor. O intervalo de tempo para os escritores latinos é um pouco menor, reduzindo-se a um mínimo de três séculos no caso de Virgílio. Todavia, no caso do Novo Testamento, dois dos mais importantes manuscritos foram escritos em prazo não superior a 300 anos após o Novo Testamento estar completo; manuscritos virtualmente completos de alguns livros do Novo Testamento, bem como manuscritos incompletos, mas longos, de muitas partes do Novo Testamento foram copiados um século após serem originalmente escritos.”

Além dos manuscritos mencionados, são encontradas muitas citações e trechos das primeiras cópias do Novo Testamento em comentários, sermões e cartas dos primeiros Pais da Igreja. Os Pais Apostólicos, escrevendo principalmente entre 90 e 160 AD, mostravam grande familiaridade com a maioria dos livros do Novo Testamento. Houve também, um pouco mais tarde, as lições, chamadas de lecionários, usadas para serem lidas nos cultos públicos da igreja. Pelo meio do século 20, haviam sido classificadas mais de 1.800 dessas lições.

Obras de Homero versus o Novo Testamento

Segundo Greenlee, abordando o hiato de tempo entre o manuscrito original (o autógrafo) e o manuscrito existente (a velha cópia remanescente), "os mais antigos e conhecidos manuscritos da maioria dos autores gregos clássicos foram escritos pelo menos mil anos depois da morte do seu autor. O intervalo de tempo para os escritores latinos é um pouco menor, reduzindo-se a um mínimo de três séculos no caso de Virgílio.

"Todavia, no caso do Novo Testamento, dois dos mais importantes manuscritos foram escritos em prazo não superior a 300 anos após o Novo Testamento estar completo; manuscritos virtualmente completos de alguns livros do Novo Testamento, bem como manuscritos incompletos, mas longos, de muitas partes do Novo Testamento foram copiados um século após serem originalmente escritos. Uma vez que os estudiosos aceitam que os escritos dos antigos clássicos são em geral fidedignos, embora os mais antigos manuscritos tenham sido escritos tanto tempo depois da redação original e o número de manuscritos remanescentes seja tão pequeno em muitos casos, está claro que, da mesma forma, fica assegurada a credibilidade no texto do Novo Testamento.”

Bruce Metzger comenta que dentre todas as composições literárias escritas pelo povo grego, os poemas homéricos são os mais adequados para uma comparação com a Bíblia. Ele acrescenta (IN: Chapters in the History of New Testament Textual Criticism. Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1963): “Em todo o corpo de literatura antiga, tanto grega como latina, a Ilíada é a que mais se aproxima do Novo Testamento por possuir a maior quantidade de testemunho de manuscritos”.

Lembra do que falamos sobre o cuidado não tão rigoroso dos escribas cristãos, em contrapartida aos colegas judeus, ao copiarem e recopiarem o Novo Testamento? Nessas muitas cópias acabaram havendo pequenas, mas numerosas divergências ou variantes textuais entre os vários manuscritos do Novo Testamento existentes. Norman L. Geisler e William E. Nix (IN: A General Introduction to the Bible.Chicago: Moody, 1968), comparando as variações textuais existentes entre os documentos do Novo Testamento e as obras antigas de Homero, escreve: “Tanto a Ilíada como a Bíblia foram consideradas ‘sagradas’, ambas sofreram mudanças textuais e os respectivos manuscritos em grego foram objeto de crítica textual.

VEJA EM NOSSO PORTAL
Os manuscritos do Antigo Testamento


"O Novo Testamento tem cerca de 20.000 linhas e a Ilíada tem cerca de 15.600. Há dúvidas sobre apenas 40 linhas (ou 400 palavras) do Novo Testamento, enquanto que, no caso da Ilíada, questionam-se 764 linhas. Esses 5% de corrupção textual da Ilíada contrastam-se com 0,5% de emendas no texto do Novo Testamento. Desses 0,5% apenas 1/8 de todas as variantes tiveram algum peso, pois a maioria delas são simples questões mecânicas, tais como soletração ou estilo. Do total, então, somente cerca de 1/60 deixa de ser ‘questão relativamente insignificante’, {sem alterar a passagem ou contexto em que estão}, podendo ser chamado de ‘variação substancial’ {provocando duas possiblidades, ou mesmo incerteza, de leitura}. Matematicamente isso aponta para um texto que é 98,33% puro.”

Contudo, estas variantes não chegam a questionar a confiablidade do Novo Testamento. Tanto que Benjamin B. Warfield (IN: Introduction to Textual Criticism of the New Testamento. 7a. ed. Londres: Hodder and Stoughton, 1907) chega a dizer desafiadoramente: "mesmo na forma mais corrompida em que o texto do Novo Testamento chegou a aparecer, o texto real dos escritores sacros é suficientemente exato. Dentre todas as inúmeras variantes, escolha a mais estranha que puder, escolha de propósito a pior delas, e você não descobrirá um só artigo de fé ou preceito moral deturpado ou perdido”.

O mesmo Sir Frederic Kenyon acima citado declara enfaticamente sobre as variações textuais: “Nenhuma doutrina fundamental da fé cristã depende de algum texto controvertido. O número de manuscritos do Novo Testamento, de antigas traduções do Novo Testamento e de citações pelos mais antigos escritores da Igreja, é tão grande que é praticamente certo que o texto autêntico de cada passagem duvidosa encontra-se preservado em uma ou outra dessas antigas autoridades. De nenhum outro livro antigo em todo o mundo se pode dizer o mesmo.

“Os estudiosos se dão por satisfeitos por possuírem substancialmente o texto autêntico dos principais escritores gregos e romanos, cujas obras chegam até nós, de Sófocles, Tucídedes, Cícero, Virgílio; no entanto, nosso conhecimento das obras desses escritores depende de um pequeno punhado de manuscritos, enquanto que os manuscritos do Novo Testamento se contam às centenas e até aos milhares.”

Conclusão

Temos razões suficientes para crer que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, e que foi preservada com precisão pela intervenção divina. Os manuscritos, bem como outros testemunhos disponíveis com citações e fragmentos deles, refletem com tanta exatidão o Novo Testamento como o temos hoje que podemos crer na confiabilidade dos textos do Novo Testamento tal qual foram transmitidos pelos evangelistas e apóstolos às comunidades cristãs do primeiro século.

Bibliografia: As informações nos parágrafos acima foram extraídas, condensadas e reordenadas das seguintes fontes: 1) Josh McDowell, Evidência que exige um veredito: evidências históricas da fé cristã. 2. ed. - São Paulo: Editora Candeia, 1996; e 2) A Bíblia para hoje, Lições da Escola Sabatina, 2º Trimestre de 2007, publicada pela Casa Publicadora Brasileira.



*Walter Dos Santos é um jornalista apaixonado por Cristo e pela literatura que mantém o Portal Escrivão Caminha (escrivaocaminha.blogspot.com). A reprodução deste texto é autorizada desde que seja mencionado este crédito.
Share/Save

Seja o primeiro a comentar

Related Posts with Thumbnails

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO