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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Buscando a felicidade, buscamos o Céu



por C. S. Lewis*

A maioria de nós acha muito difícil desejar o "Pa­raíso" - a não ser que por esse nome queiramos dizer o encontro com os amigos que já morreram. Uma das ra­zões dessa dificuldade é que não tivemos uma boa forma­ção: toda a educação atual tende a fixar nossa atenção neste mundo. Outra razão é que, quando o verdadeiro anseio pelo Paraíso está presente em nós, não o reconhe­cemos. A maior parte das pessoas, se tivesse aprendido a examinar profundamente seus corações, saberia que querem, e querem com veemência, algo que não pode ser alcançado neste mundo. Existem aqui coisas prazerosas de todo tipo que nos prometem isso que queremos, mas que nunca cumprem o prometido.

Aquele anseio que nasce em nós quando nos apaixonamos pela primei­ra vez, quando pela primeira vez pensamos numa terra estrangeira, quando começamos a estudar um assunto que nos entusiasma, é um anseio que nenhum casamen­to, viagem ou estudo pode realmente satisfazer. Não es­tou falando aqui do que costumam chamar de casa­mentos infelizes, férias frustradas e carreiras fracassadas, mas sim das melhores possibilidades em cada um des­ses campos. Havia algo que vislumbramos no primeiro instante de encantamento e que simplesmente desapa­rece quando o anseio se torna realidade. Acho que todos sabem do que estou falando. A esposa pode ser uma boa esposa, os hotéis e a paisagem podem ter sido excelen­tes, e talvez a Química seja uma bela profissão: algo, po­rém, nos escapou. Ora, existem duas maneiras erradas, e uma certa, de lidar com esse fato.

VEJA EM NOSSO PORTAL
Você sabia que o Céu é um lugar real com pessoas igualmente reais? E que o Céu te espera com prazer? Aprenda mais sobre isso lendo o estudo Os Braços Abertos de Deus.


(1) A Via do Tolo — Ele põe a culpa nas próprias coisas. Passa a vida toda a conjectutar que, se arranjasse outra mulher, fizesse uma viagem mais cara, ou seja lá o que for, conseguiria dessa vez capturar essa coisa mis­teriosa que todos nós procuramos. A maior parte dos ri­cos entediados e descontentes do nosso mundo são des­se tipo. Eles passam a vida toda pulando de uma mulher para outra (com a ajuda dos tribunais), de continente para continente, de passatempo para passatempo, sempre na esperança de que o último será, enfim, "a coisa certa", e sempre decepcionados.

(2) A Via do "Homem Sensato" Desiludido — Logo ele conclui que tudo não passava de conversa fiada. "E bem verdade", diz ele, "que, quando é jovem, a pessoa se sente assim. Quando chega à minha idade, porém, você desiste de buscar o fim do arco-íris." Então, ele se acomoda, aprende a não esperar muito da vida e repri­me a parte de si mesmo que, nas suas palavras, costuma­va "uivar para a lua". Essa é, sem dúvida, uma via bem melhor que a primeira; torna o homem mais feliz e não faz dele um problema para a sociedade. Tende a torná-lo um chato (sempre pronto a se achar superior diante dos que julga "adolescentes"), mas, de maneira geral, faz com que ele leve uma vida sem grandes sobressaltos. Seria a melhor opção se o homem não tivesse uma vida eter­na. Mas suponha que a felicidade infinita realmente exis­ta e esteja logo ali, à nossa espera. Suponha que real­mente seja possível alcançar o fim do arco-íris — nesse caso, seria uma pena descobrir tarde demais (imediata­mente após a morte) que, por causa do nosso suposto "bom senso", sufocamos em nós mesmos a faculdade de gozar dessa felicidade.

(3) A Via Cristã — Dizem os cristãos: "As criaturas não nascem com desejos que não podem ser satisfeitos. Um bebê sente fome: bem, existe o alimento. Um pati­nho gosta de nadar: existe a água. O homem sente o de­sejo sexual: existe o sexo. Se descubro em mim um dese­jo que nenhuma experiência deste mundo pode satis­fazer, a explicação mais provável é que fui criado para um outro mundo. Se nenhum dos prazeres terrenos satis­faz esse desejo, isso não prova que o universo é uma tre­menda enganação. Provavelmente, esses prazeres não existem para satisfazer esse desejo, mas só para desper­tá-lo e sugerir a verdadeira satisfação. Se assim for, tenho de tomar cuidado, por um lado, para nunca desprezar as bênçãos terrenas nem deixar de ser grato por elas; por outro, para nunca tomá-las pelo 'algo a mais' do qual são apenas a cópia, o eco ou a miragem, Tenho de man­ter viva em mim a chama do desejo pela minha verda­deira terra natal, a qual só encontrarei depois da morte; e jamais permitir que ela seja arrasada ou caia no esque­cimento. Tenho de fazer com que o principal objetivo de minha vida seja buscar essa terra e ajudar as outras pessoas a buscá-la também."

*C. S. Lewis (1898-1963) foi um ex-ateu irlandês, professor universitário em Oxford e Cambridge que se converteu a Cristo, tornando-se membro da Igreja Anglicana. O texto acima faz parte do seu livro Cristianismo Puro e Simples, publicado no Brasil pela Editora Martins Fontes, págs. 48 e 49.
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Adventistas no Jornal Nacional

O trabalho social dos adventistas do sétimo dia foi destaque no Jornal Nacional (Rede Globo) desta quinta-feira 28 de maio. Parte de uma série de reportagens sobre ação social das igrejas evangélicas, a matéria apresentou o atendimento a crinaças e jovens realizado pelo Centro Adventista de Desenvolvimento Comunitário (Cadec), no Rio de Janeiro.

Há quatro anos em atividade, os trabalhos do Cadec atendem mais de 500 pessoas e se concentram nas áreas de educação, reforço alimentar, geração de renda e inclusão digital. Na mesma matéria foi apresentado também o trabalho dos batistas brasileiros à frente do Projeto Reame, em São Gonçalo (RJ). No projeto Reame, crianças encaminhadas pelos conselhos tutelares são acolhidas e, com a ajuda de mães sociais, são levadas para escolas da comunidade, participam de aulas de música e esporte.

Assista a seguir ao vídeo da matéria exibida no Jornal Nacional.



"[Ao contrário do que se pensa hoje,] o anseio contínuo pelo mundo eterno não é uma forma de escapismo ou de auto-ilusão, mas uma das coisas que se espera do cristão. Não significa que se deve deixar o mundo presente tal como está. Se você estudar a história, verá que os cristãos que mais trabalharam por este mundo eram exatamente os que mais pensavam no outro mundo. Os apóstolos, que desencadearam a conversão do Império Romano, os grandes homens que erigiram a Idade Média, os protestantes ingleses que aboliram o tráfico de escravos - todos deixaram sua marca sobre a Terra precisamente porque suas mentes estavam ocupadas com o Paraíso. Foi quando os cristãos deixaram de pensar no outro mundo que se tornaram tão incompetentes neste aqui. Se você aspirar ao Céu, ganhará a Terra 'de lambuja'; se aspirar à Terra, perderá ambos.

"Essa regra parece esquisita, mas pode-se observar algo semelhante em outros assuntos. A saúde é uma grande bênção, mas, no momento em que fazemos dela um dos nossos principais objetivos, nos tornamos hipocondríacos e passamos a imaginar que há algo de errado conosco. Só nos mantemos saudáveis na medida em que queremos outras coisas além da saúde: comida, jogos, trabalho, lazer, a vida ao ar livre. Do mesmo modo, nunca conseguiremos salvar a civilização enquanto for esse o nosso principal objetivo. Temos de aprender a querer outra coisa ainda mais do que queremos isso." — C.S.Lewis. Cristianismo Puro e Simples. São Paulo: Martins Fontes, 2005, pág. 48.
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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Como Será Viver no Céu?

Ainda aproveitando o tema da lição da Escola Sabatina desta semana, quero apresentar a vocês o powerpoint Como Será Viver no Céu? Trata-se da versão ampliada de uma apresentação que fiz ano passado para um Culto Jovem na minha igreja local, a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Moema. Os temas envolvem as expectativas alimentadas, a condição de nosso corpo, a vida diária, o ecossistema e as condições de entrada no Paraíso Restaurado.



P.S.: Gostaria de postar no blog com mais regularidade, além de postar textos meus com mais frequência. Mas este semestre é o último antes da qualificação da minha tese de doutorado na Usp e preciso correr contra o tempo. Cumprir com minhas obrigações acadêmicas, dedicar-me às responsabilidades da igreja local, gerenciar minha vida social e realizar minhas tarefas cotidianas têm sido objeto de malabarismos e o blog tem sido preterido em favor das outras coisas. Em todo caso, ponha seu e-mail no espaço ao lado para assinar as atualizações e ficar por dentro do que é publicado no nosso blog. Em breve farei mudanças no layout do blog e vincularei as várias páginas que mantenho no Blogger. — Walter Dos Santos
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Raiva humana 2

"Quando um cão morde um homem, isso não é notícia, já que acontece demasiadas vezes. Mas se um homem morde o cão, isso é notícia." — John B. Bogart, 1848-1921, jornalista americano e editor do jornal New York Sun.


DNA inocenta americano que passou 22 anos no corredor da morte

O americano Paul House foi inocentado dos crimes de estupro e assassinato, 22 anos depois de ter sido condenado à morte no Estado americano do Tennessee. Por cinco votos a quatro, a Corte decidiu, que House tinha direito a uma nova audiência, e novos testes de DNA e o depoimento de novas testemunhas mostraram que outra pessoa seria responsável pelo crime.
Leia mais na BBC Brasil.

Chineses testam com sucesso anticoncepcional para homens

Os cientistas realizaram testes com mais de mil homens com idades entre 20 e 45 anos e que tiveram pelo menos um filho nos dois anos anteriores ao experimento. Suas parceiras tinham idades entre 18 e 38 anos, sem problemas reprodutivos. No tratamento, os homens receberam por dois anos e meio uma injeção de um líquido contendo o hormônio testosterona que provocou a suspensão temporária da produção de espermatozoides. Leia mais na BBC Brasil.
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O Céu me espera

Nesta semana, os adventistas do sétimo dia ao redor do mundo estão estudando a respeito do Céu. Por meio da lição da Escola Sabatina, jovens e adultos estão revendo e aprendendo um pouco mais sobre o futuro lar dos salvos. Inspirado nesse fato, quero postar o clipe de 5 músicas sobre o Céu interpretadas por cantores e grupos adventistas brasileiros. Espero que elas ajudem você a desfrutar um pouco do Céu na Terra.


Arautos do Rei - Eu vou para o Céu



Prisma Brasil - O Céu é Jesus


Riane Junqueira - Eu não preciso mais sonhar


Nova Voz - Vamos subir


Cânticos Vocal - Jerusalém

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Raiva humana 1

"Quando um cão morde um homem, isso não é notícia, já que acontece demasiadas vezes. Mas se um homem morde o cão, isso é notícia." — John B. Bogart, 1848-1921, jornalista americano e editor do jornal New York Sun.

Modelo se nega a amamentar o filho e diz que peitos são só para sexo

A modelo britânica Nicola McLean disse que não amamentou seu filho Rocky, de três anos, porque seus peitos são apenas para sexo com seu marido, segundo reportagem do tabloide inglês "The Sun". "Eles são uma coisa sexual para mim, e não quero Rocky mamando neles", afirmou ela. Leia mais no G1.

Convidados perdem apetite após flagrarem cobra jantando gambá

A australiana Natalie Calleja convidou três amigas para um jantar em sua casa na cidade de Larrakeyah, na Austrália, mas elas acabaram perdendo o apetite após flagrarem uma cobra píton de 3,5 metros devorando um gambá, segundo o portal australiano "Adelaide Now". Natalie Calleja disse que ficou com pena do "pobre gambá", que foi esmagado até a morte pela cobra. "Você podia ouvir o barulho dos ossos do gambá enquanto a píton o esmagava até a morte", disse ela. Leia mais no G1.

Príncipe William visita mulher de 109 anos que criticou a roupa da rainha

Uma britânica de 109 anos que escreveu a Elizabeth II para se queixar de receber todos os anos um cartão de aniversário em que a rainha usava a mesma roupa foi visitada pelo príncipe William, que pediu-lhe desculpas. Catherine Masters, que vive em um lar de idosos em Oxfordshire (sul da Inglaterra), escreveu à rainha para dizer-lhe que em todos os cartões de felicitação que recebeu nos últimos cinco anos a soberana usava o mesmo vestido amarelo. Leia mais no G1.
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domingo, 17 de maio de 2009

A Graça do Ordinário


Embora o texto abaixo tenha pouco mais de 10 anos, é de uma atualidade incrível. Ele nos relembra que o Reino de Deus não é um programa de auditório nas tardes de domingo, com celebridades convidadas, quadros mirabolantes e histórias sensacionais.

Muitos congregações, músicas, pregações e livros hoje se esqueceram disso e estão contaminados pela teologia da prosperidade, pela confissão positiva e pelas técnicas de crescimento de igrejas. Os mantras da religião "evangel-wicca" (isto é, magia evangélica ou bruxaria crente)são repetidos à exaustão: proclama-se a vitória, profetiza-se a libertação, exige-se a restituição, libera-se a unção ou anuncia-se o milagre.

Creio num Deus vivo que é capaz de realizar quaisquer milagres, num Salvador vitorioso sobre as forças do mal, num evangelho que tem poder para transformar qualquer pessoa e numa igreja que congrega pessoas renascidas e santificadas. Mas creio também no que todos sabem (ou deveriam saber) por experiência pessoal: o reino de Deus não é semelhante a uma máquina de capuccino — milagres, por definição, são extraordinários e raros, as forças do mal ainda estão operando em nosso mundo, a transformação da vida não é generalizada nem instantânea, nem todos os assim chamados cristãos nasceram de novo e a igreja neste mundo não experimentará a perfeição antes do Advento.

O evangelho é extremamente simples, mas ao mesmo tempo profundo: Deus está restaurando um grupo à imagem do Criador, preparando este povo para o Segundo Advento de Cristo, manifestando neles o Seu poder de salvar e reservando para eles um lar na Nova Terra. Nosso lar, onde se realizarão os melhores e maiores sonhos — nossos e os de Deus — não é aqui. Se nossas expectativas forem direcionadas apenas para esta vida, parafraseando Paulo e Jesus, somos os mais infelizes de todos os homens e receberemos toda a nossa recompensa neste mundo. — Walter Dos Santos


por Ricardo Barbosa de Souza*

Em algumas das minhas viagens, é comum ouvir pessoas me perguntarem: “Como é sua igreja?” A expectativa delas é ouvir relatos de fórmulas infalíveis de sucesso, mecanismos de crescimento, estrutura de gerenciamento, funcionalidade etc. Minha resposta tem sido: “Minha igreja é uma igreja bíblica, como a maioria das igrejas que conheço: há nela maledicência, intrigas, gente que adultera e muitos que insistem em não obedecer Deus e Sua Palavra, como há aqueles que oram, buscam uma vida de obediência e serviço, se arrependem, confessam, tornam-se ministros de reconciliação. É tão bíblica como era a de Corinto ou de Éfeso. Ela não é diferente. As pessoas que ali se congregam, seus líderes e pregadores, todos vivem a mesma vida comum, com seus conflitos conjugais, crises pessoais, indefinições profissionais e dilemas espirituais.”

Certamente, temos na igreja e na vida dos seus membros histórias, fatos e experiências que chamariam a atenção por sua grandeza e beleza. Mas são situações extraordinárias. Elas não compõem o universo comum e ordinário da vida. Temos que aprender a olhar e reconhecer aquilo que Deus está fazendo na vida comum das pessoas. A graça do ordinário.

Igreja infantil, que precisa do entretenimento religioso para fugir da realidade da vida

O problema que muitos cristãos enfrentam hoje é que estamos mais interessados em conhecer a vida das pessoas através das biografias narradas na revista “Caras” do que nas biografias narradas na Bíblia. A citada revista e muitos livros e periódicos evangélicos se ocupam com o que é clamoroso, extraordinário, fantástico. Mostram uma parte da realidade, certamente uma parte insignificante. São biografias de casamentos perfeitos, paixões intermináveis, sorrisos que atestam uma felicidade invejável, igrejas bem-sucedidas, ministérios glamurosos, estratégias de crescimento dignas de exportação, cultos arrebatadores, igrejas maravilhosas.

Essas mesmas pessoas que lêem este tipo de biografia não conseguem, quando entram na igreja ou lêem a Bíblia, ver além do glamuroso, do extraordinário e do fantástico. São “jornalistas espirituais”. Admiram a fé de Abraão, mas ignoram sua covardia; pregam sobre a determinação de Jacó no vale de Jaboque em ser abençoado por Deus, mas negam seu espírito manipulador e enganoso; lembram sempre de Davi, o homem segundo o coração de Deus, mas não se importam com o adúltero, mentiroso e assassino. Se olharmos para a genealogia de Jesus, veremos nela muitos cuja vida não seria digna de aparecer em nossos livros e revistas que narram as biografias glamurizadas e testemunhos poderosos de sucesso.

Esta fascinação pelo extraordinário nos leva a criar os heróis, a exaltar o forte, a glorificar o vencedor. Os vemos sempre de longe, nos palcos e púlpitos, os aplaudimos, admiramos. Não fazem parte do nosso mundo simples, comum e ordinário. Não admitimos seus erros e pecados e eles, por sua vez, passam a ocultá-los, ou pior, negá-los. São sujeitos e vítimas do mundo fantasioso que criamos, precisam cultivar a ilusão para preservar o ídolo. Ao não admitir sua humanidade comum e ordinária, experimentamos uma espiritualidade infantil e imatura, dependente do sucesso deles, da ilusão de uma vida irreal. Tomamo-nos imaturos em relação aos nossos problemas e imaturos em relação aos problemas dos nossos irmãos. Igreja infantil, que precisa do entretenimento religioso para fugir da realidade da vida.

A Bíblia, ao contrário, nunca negou a realidade. Mesmo que não queiramos enxergá-la, ela está lá, rica em detalhes, para ninguém duvidar. Isto porque a vida cristã não consiste em negar a realidade, mas em trazer para dentro do comum e ordinário dos homens a presença salvadora de Jesus Cristo. Foi isto que aconteceu com Jacó, Davi, Jó e Daniel. Em meio aos conflitos próprios do seu tempo e cultura, das lutas e tensões diárias que experimentavam, provaram a salvação; não negaram seus pecados e dilemas - ao contrário, enfrentaram com honestidade e humildade sua natureza caída e provaram o poder da reconciliação.

Davi, Abraão, Jacó, lsaque e muitos outros tiveram problemas, como todos temos, em seus casamentos, na criação de seus filhos, na vida profissional e na sua relação com Deus. Se olharmos para a igreja primitiva, tão idealizada por muitos em suas pregações, encontraremos o mesmo cenário: adultério, mentiras, heresias, injustiças, brigas eclesiásticas, conflitos conjugais e pais lutando para compreender, amar e educar seus filhos.


A fé não é, necessariamente, um atestado de competência


Às vezes me pergunto: que diferença havia, ou há, entre aqueles que professam sua fé em Cristo e os que a negam? A diferença é que os primeiros trouxeram para dentro de suas vidas comuns e ordinárias a presença de Cristo, buscaram experimentar a conversão de caminhos maus e encontraram o lugar da oração e comunhão. Nem sempre a diferença está no comportamento visível. Conheço muitas famílias e profissionais que, embora não professem a fé em Cristo, demonstram uma compreensão relacional e um desempenho profissional muito melhor do que muitos cristãos. A fé não é, necessariamente, um atestado de competência. É o caminho a Cristo e à comunhão com Ele. A Igreja sempre foi, e continua sendo, uma comunidade de pecadores buscando reconciliação e paz com Deus.


Não se deixe seduzir por aqueles que prometem uma igreja melhor


A Igreja faz parte do que há de mais ordinário, mais comum e rotineiro na vida dos homens. Quando lemos a Bíblia, encontrarmos Deus agindo e transformando o homem dentro desta realidade comum e ordinária. São histórias de festas, pescarias, conversas e encontros que faziam parte da rotina das pessoas. Certamente havia lugar para o extraordinário, o incomum. Há milagres, muitos deles na caminhada da fé, mas a maioria dos milagres na vida cristã não tem a forma das grandes intervenções divinas. Estão escondidos nos episódios comuns, nas situações onde experimentamos o medo, a rejeição, o abandono e a traição; nos amigos que nos desapontam; no filho adolescente que desafia e protesta; no casal antigo de longos anos que enfrenta a amargura do divórcio.

Encontrar a vida em Cristo nestes lugares e cenas comuns e ser transformado por Ele é provar o milagre de ser reconciliado à sua imagem e semelhança. Quando aprendermos a aceitar o comum, a viver a realidade de quem somos e do que Deus fez e está fazendo em nós por meio do seu Filho Jesus Cristo; quando deixarmos de valorizar o extraordinário e cultuar nossas celebridades para reconhecer que, diante de Deus, somos todos pecadores que carecem da graça; quando olharmos mais para a Bíblia e suas histórias e menos para “Caras” e congêneres evangélicos — então começaremos a dar os primeiros passos em direção a um crescimento espiritual e pessoal que fará de nós cristãos com uma humanidade mais robusta e verdadeira.

Para que isto aconteça, mantenha seus olhos voltados para Cristo. Não se deixe seduzir por aqueles que prometem uma igreja melhor, um ministério mais poderoso, um lugar onde todos os seus problemas serão solucionados. Não acredite neles, são mentirosos. Para crescer na fé não precisamos de shows, nem de igrejas espetaculares, muito menos de líderes e pastores que não compartilham de nossa vida comum. Precisamos aprender a orar, ouvir e obedecer Deus e Sua Palavra, participar juntos da ceia do Senhor e servir nossos irmãos e irmãs no amor de Cristo. Essas coisas só acontecem dentro da rotina ordinária da vida.

*Ricardo Barbosa de Souza é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília/DF. Este texto foi publicado originalmente na revista Vinde, de março de 1999.
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