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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Qual é o objetivo do jejum religioso?

por Ángel Manuel Rodríguez
traduzido por Walter Mendes*


Qual é o objetivo do jejum religioso? Para algumas pessoas que eu conheço, ele parece quase um ritual que nos traz méritos diante de Deus.

Sua pergunta trata de uma prática religiosa que parece não ser tão comum na igreja e na vida do membro individual quanto costumava ser. Vamos dar uma olhada nas passagens e narrativas da Bíblia em que essa prática é mencionada.

1. Prática e tipos de Jejum


O jejum não significa necessariamente abstenção total de comida e bebida. Em alguns casos, houve abstenção total por um período prolongado de tempo; mas nesses casos o próprio Deus parece ter sustentado a pessoa (Êxodo 34:28; cf. Mateus 4:2). Alguns jejuaram por curtos períodos de tempo sem comer e beber (Ester 4:16; Atos 9:9). Mas tudo indica que um jejum normal permitia o consumo de água a fim de evitar o risco de desidratação (Levítico 23:14), especialmente num clima quente, além da abstenção de comida apenas durante as horas claras do dia (2 Samuel 1:12; 3:35) – algo parecido com o moderno jejum muçulmano durante o Ramadã. Tudo indica também que jejuar durante a noite era algo pouco comum (Ester 4:16). A Bíblia também menciona jejuns parciais, que consistiam no consumo de quantidades limitadas de comida mais simples (Daniel 10:2,3).

A duração do jejum variava. Lemos sobre jejuns de 40 dias (Deuteronômio 9:9), sete dias (1 Samuel 31:13), três dias (Ester 4:16), um dia (2 Sm. 3:35) e, ao que tudo indica, um jejum de apenas uma noite (Daniel 6:18). Havia jejuns comunitários: Deus ordenou aos israelitas que jejuassem durante o Dia da Expiação (Levítico 16:29); em algumas ocasiões, os líderes pediam ao povo para jejuar (Juízes 20:26; 2 Crônicas 20: 3); ou os profetas convocavam um jejum (Joel 2:12,13). Mas o jejum privado era uma prática mais comum.

2. Conceitos associados ao jejum


O jejum está intimamente relacionado a orações de cura e libertação (Salmo 35:13) e à adoração (Atos 13: 2). Mas também é praticado no contexto de uma calamidade presente ou futura (Ester 4: 1-4), de luto (2 Samuel 1:12), na escolha de líderes da igreja (Atos 13: 2,3), como um sinal de arrependimento (Jonas 3: 5) e como uma expressão de devoção a Deus (Lucas 2:37). Jesus condenou a ostentação no jejum, que buscasse impressionar os outros com a própria espiritualidade. Ele incentivou o jejum privado (Mateus 6:16-18).

3. Significado básico do jejum


É difícil encontrar um objetivo fundamental para o jejum presente em todas as suas formas, mas um chega bem próximo do ideal. Tudo indica que o jejum é a expressão externa do total comprometimento e dependência interna da pessoa no poder de Deus de preservar e resgatar. As Escrituras descrevem o ser humano como uma unidade individual de vida autoconsciente inseparável do corpo. Os sentimentos e emoções não são meras experiências internas que temos à parte do corpo; eles estão intrinsecamente relacionados com nossa corporalidade e se expressam através de nosso corpo. Não existe maneira alguma de expressar sentimentos, emoções e religiosidade a não ser por meio de nossa existência corporal.

Deus deve ter informado a Adão e Eva que eles teriam de cooperar com Ele na preservação de suas vidas por meio da ingestão de alimentos (Gênesis 1:29). A falta de vontade de comer, ou de comer alimentos apropriados, indicaria falta de vontade de submeter-se a Seu plano para eles (Gênesis 2:9). Tal atitude seria a expressão física/corporal de um espírito de rebelião. Consequentemente, o jejum indicaria uma falta de vontade de cooperar com Deus na preservação de nossa vida.

Contudo, a Bíblia indica o jejum como uma expressão legítima de devoção e compromisso com Deus. Nesse caso, a privação de alimentos não é uma forma de rebelião, mas um reconhecimento de que a vida pode ser, no fim das contas, preservada apenas por nosso Criador e Redentor. Ao jejuar, entregamos nossa vida totalmente aos cuidados e misericórdia de Deus. Isso expressa um compromisso total e absoluto, uma entrega amorosa e confiante de nossa vida a Deus como o único que pode nos resgatar da opressão do pecado.

Finalmente, ao jejuar nos identificamos com os necessitados e oprimidos e permitimos que Deus nos use para enriquecer a vida deles (Isaías 58:6-7).

Um ritual que nos traz méritos diante de Deus? Não há nada de meritório em entregar-se a Ele. O jejum é, na verdade, um reconhecimento da nossa dependência de Deus.

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*Traduzido do texto original "What is the purpose of religious fasting?", de Ángel Manuel Rodríguez.

Direitos reservados ao Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.

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